segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Matar a fome na escola!!!


A pobreza entrou de rompante nas salas de aula e sentou-se na primeira fila. Este ano, professores e funcionários de escolas de todo o País ficaram a saber que, quando uma criança aparece no gabinete do diretor a queixar-se de dores de barriga, durante a manhã, poderá ser porque tem fome. À segunda-feira, ao almoço, é também comum ver alunos a chegarem, impacientes, ao refeitório e a pedirem para repetir a dose.
Na novíssima Escola Professor Doutor Marques dos Santos, em Vila Nova de Gaia, a fachada é circular, desenha um pequeno anfiteatro, parece mesmo dar-nos um abraço. Tudo foi pensado para despertar os sentidos dos mais novos: paredes de vidro, com vista para o Douro; espaços verdes, à volta; corredores amplos. Imaginamos que as 252 crianças, entre os 3 e os 9 anos que, desde setembro, frequentam a Escola dos Sentidos, como é conhecida, têm as condições ideais para crescerem e aprenderem. No entanto, uma boa percentagem delas vive em bairros problemáticos, onde a norma são famílias com carências económicas.
"A crise que o País atravessa reflete-se aqui", confirma Alexandre Rodrigues, o coordenador. "Em dez casos, desconfiamos que o almoço seja a única refeição quente do dia." As funcionárias, que conhecem o meio, ajudam a sinalizar os casos. Nas situações mais graves, põem, discretamente, nas mochilas dos miúdos, um tupperware com o jantar.
Muitas vezes, os alunos deixam pistas nos desenhos que fazem, conta uma professora que pede para não ser identificada.
Entre lágrimas, recorda que a última festa de São Martinho foi dramática para alguns meninos que faltaram às aulas porque os pais não puderam dispensar 1 euro para comprar castanhas.
Este é um dos 20 estabelecimentos escolares de Gaia, entre cem, nos quais o pequeno-almoço e o lanche são oferecidos, diariamente, a todos os alunos, pela Câmara Municipal. Nas férias de Natal, não se nota qualquer diferença em rela ção ao período letivo aquela é uma das 30escolas a funcionar, para dar resposta aos 4 mil miúdos que se inscreveram nos ateliês, tendo direito a comida.
A situação repete-se por todo o País.
"São várias dezenas as escolas abertas durante as férias, com o objetivo de alimentar os alunos", afirma Fernando Campos, vice-presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses.
O número de crianças abrangidas será maior no Norte do País, mas este terramoto social tem réplicas muito aproximadas em todo o continente. "Este ano, a oferta de refeições escolares aumentou pelo menos 13 por cento", acredita Filinto Lima, vice-presidente da AssociaçãoNacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas. Oficialmente, foram sinalizados 13 mil de casos de miúdos que passam fome em casa. Mas, a confirmarem-se as desastrosas previsões económicas para 2013, o número pode atingir valores estratosféricos. O aviso é de Albino Almeida, da Confap (Confederação Nacional das Associações de Pais): "A partir de janeiro, serão perto de 200 mil os alunos a precisar de ajuda."


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